segunda-feira, 15 de julho de 2013

Olá, sejam bem vindos mais uma vez!

Nessa rodada de AVM,  vamos trabalhar um pouco os conceitos de Alomorfia, Morfema zero e Processos morfológicos. E para exemplificar e conseguir explicar melhor esses conceitos, vamos trabalhá-los com pequenos trechos de duas canções da nossa música popular brasileira, “Irresistível” de Zezé Di Camargo e Luciano e “Domingo no parque” de Gilberto Gil.




E então, vamos começar??

Há algumas postagens, vimos a definição de Morfema (unidade mínima que possui significação).  Hoje entenderemos o conceito de Morfema zero. Mas afinal, o que é morfema zero?

De acordo com Petter apud Gleason (1961; 80) pode-se dizer que há morfema zero somente quando não houver nenhum morfe evidente para o morfema, isto é, quando houver ausência de uma marca para essa unidade léxica. Observe o trecho abaixo da música de Gilberto Gil:

“O rei da brincadeira, ê José!
O rei da confusão, ê João!
Um trabalhava na feira, ê José!
Outro na construção, ê João!”

Observe o verbo trabalhar, conjugada no pretérito imperfeito do indicativo. Se conjugarmos esse verbo no tempo e modo proposto, veremos que o verbo possui a mesma conjugação para a 1ª e 3ª pessoa do singular. À ausência de uma marca para diferenciar essas conjugações, chamamos de Morfema Zero.

Junto à definição de Morfema zero, podemos trabalhar o conceito de Alomorfia. Chamamos de alomorfia o processo no qual um morfema apresenta uma variação, não perdendo o seu significado. Para exemplificar, utilizaremos um trecho da música de Zezé Di Camargo e Luciano:

“Impossível esquecer o seu olhar
Irresistível o seu jeito de me amar.”

Se compararmos morfemas {-i} e {-im}, concluiremos que ambos são prefixos de negação, porém são escritos de forma diferentes. Nesse caso, uma vez que o morfema varia, porém o significado permanece, reconhecemos esse processo como Alomorfia.

E quanto aos Processos morfológicos?

Petter afirma que a associação de dois elementos mórficos que produz um novo signo linguístico obedece a certos princípios ou mecanismos que variam em sua possibilidade de combinação nas diferentes línguas. Esses formas de combinação são chamadas de processos morfológicos, e podem ser manifestados sob a forma de:

1. ADIÇÃO: Nesse processo, são adicionados um ou mais morfemas à base, que pode ser uma raiz ou radical primário. Aqui aparecem os afixos que são morfemas adicionados à raiz, afixação é o processo. Dependendo da posição dos afixos com relação á base, podemos ter cinco tipos:

* Prefixação: morfemas acrescentados antes da raiz, possibilitando a mudança de significado da palavra. Ex: “I-r-resistível”, presente no trecho da música de Zezé Di Camargo e Luciano.

* Sufixação: morfemas após a raiz, possibilitando a mudança de significado da palavra. Ex: “Brincad-eira”, presente no trecho da música de Gilberto Gil.

* Infixação: Morfemas acrescentados no interior da base. Ex: em Kmu(Laos):
                         
( / rkel) / "esticado" > / rmkel)/ "esticar" (intixo I-m-/)

 *Circunfixo: Afixos descontínuos que enquadram a base. Ex: Em Georgiano

IU...esl"muito" - lu-Iamaz-es-i/ "muito bonito" (cf. /lamaz-i/"bonito")

* Transfixos: Afixos descontínuos que atuam em uma base descontínua. Ex: em Hebraico.
/sagarl "ele fechou"
/esgor/ "eu fecharei"

2. REDUPLICAÇÃO: Tipo especial de afixação que repete fonemas da base, com ou sem modificações.

3. ALTERNÂNCIA: Acontece quando alguns segmentos da base são substituídos por outros, de formas não arbitrarias, porque são alguns traços que se alternan com outros (PETTER, 2003 ). Ex: pus/pôs; fiz/fez.

4. SUBTRAÇÃO: Quando alguns segmentos da base são eliminados para expressar um valor gramatical.



E com isso, terminamos a nossa última rodada de AVM’s, Com o apoio do amiga e companheira de turma Letícia Ohane. Esperamos que tenham gostado. Até a próxima.